quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Que é a Vida?


Por PABLO C. DELGADO GUERRA, FRC*

O tipo de resposta obviamente dependerá das crenças ou convicções da pessoa que responder. De qualquer modo, a pergunta não se refere a nenhuma forma material que assimila, cresce e se reproduz em termos físicos. Levando em consideração que a matéria é um aspecto necessário da vida para lograr sua manifestação, afirma-se que a vida sem autoconsciência é puramente um processo mecânico.

A essência da pergunta faz referência ao significado que um ser autoconsciente e capaz de pensar dá à vida. Ou seja, a interpretação que uma pessoa dá aos eventos que lhe acontecem na sua existência. Isto é o que é verdadeiramente importante para a pessoa no atual momento de sua evolução.

Se considerarmos que para além de nossa breve passagem pelo mundo - e daquilo que apresentamos ser - há algo que nos transcende, um Ser do qual somos parte integrante e cuja consciência de existir é parte de nós, e pensamos que somos verdadeiramente isto, talvez estejamos de acordo que a vida é o meio e a oportunidade para manifestar essa consciência do ser aqui na Terra.

A vida, no que tange ao homem, dá a oportunidade de desenvolver e manifestar o inexistente, ou seja, a personalidade própria e as experiências com que ela nos brinda permitem que ela transcorra de forma que no final do ciclo terreno do indivíduo a experiência se integrará à Consciência do Ser em completa compreensão e integração pessoal.

Para um estudante místico, a vida representa mais do que uma simples expressão animada. Significa vida imortal, vida eterna, a própria existência da alma, considerando que o corpo físico é apenas uma expressão transitória do ser verdadeiro, que o utiliza como veículo para se manifestar.

Assim, a vida é um estado de consciência que resulta de certos estímulos, os quais serão valorizados de acordo com a compreensão e o sentido moral da pessoa, pois esta é a forma com que compreendemos a relação que a consciência do ser tem com o meio ambiente que o rodeia.

Sob este ponto de vista, crer na imortalidade é uma necessidade palpável da vida, pois o místico sabe, por suas vivências, que a evolução da personalidade-alma só pode acontecer através da imortalidade e das vidas sucessivas.
 
Por meio da razão podemos estar conscientes de que esta se desenvolve precisamente graças às experiências que a vida nos proporciona e que são resultado de nossas ações e de nossos pensamentos.

Cada pensamento é uma oportunidade única para nosso aprendizado. Seu potencial está no resultado do ato: isto é o que devemos considerar. Aquele que permanece com uma atitude passiva ou neutra está desperdiçando algo muito precioso: seu livre-arbítrio.

Seguramente isto nos levará a considerar o significado da vida de uma maneira totalmente diferente. Devemos explorar todos os pontos de vista contrários, pois pode ocorrer que, por meio da intuição, obtenhamos uma reorganização de nossas ideias que resulte numa ordem de maior claridade.

O conceito de vida que lograrmos obter estará permeado de uma grande quantidade de coisas pertencentes ao reino subjetivo, como vontade, memória, razão, concepção mental e imaginação.

Disse um filósofo: "A vontade opera em todos os seres autoconscientes e é própria para o desenvolvimento da inteligência no mundo físico".

Se conseguirmos impor nossa vontade para alcançar a inteligência da alma, alcançaremos a sabedoria e obteremos a liberdade. A emoção será servidora da nossa inteligência. A emoção não se extingue, e nem deveríamos tentar suprimí-la, pois sem emoção nada se faz.

Se nossa vontade é incerta, seremos pegos flutuando entre a inteligência e o corpo físico, sendo dominados por nossas paixões, utilizando a inteligência para satisfazer unicamente nossos apetites. A inteligência se torna escrava de nossos sentidos. Se nos abandonamos ao corpo, caímos na ausência da razão, no nível dos animais: na servidão ao eu objetivo.

O nível de vida dependerá daquilo que decidirmos... e o que é esta existência, senão a existência do Ser, manifestando-se de múltiplas formas, experimentando-se e percebendo a si mesmo, em qualquer plano de consciência?

Sendo o significado da vida uma tarefa de descobrimento pessoal, apenas as próprias experiências nos darão a resposta. Experiências compreendidas sob a compreensão que nos concede a consciência superior do Ser.

Finalmente, todos nós, que experimentamos a vida, buscando seu significado oculto, deveríamos nos perguntar: "O que fazemos aqui?", "Por que esta vida merece ser vivida?".
 
Na busca das respostas encontraremos nossa verdadeira filosofia de vida, para vivê-la plenamente.



Fontes:  

Artigo transcrito na íntegra da revista "O Rosacruz", Inverno de 2011. *Traduzido da revista El Rosacruz por Raul Passos, FRC.

Imagens meramente ilustrativas, retiradas livremente da internet. Desconhecemos autoria e propriedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário